Chegada dos sem-teto causou bate-boca entre lideranças dos movimentos. Para coordenadora do MTST, Cunha também terá de autorizar a permanência do grupo no gramado do Congresso
Foto (Gabriela Salcedo) |
O Movimento Brasil Livre (MBL), que acampa desde o início desta semana no gramado em frente do Congresso, foi surpreendido com a chegada de centenas de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) na tarde desta quarta-feira (28). Inicialmente, os sem-teto montaram acampamento do lado oposto ao do MBL, mas migraram para o mesmo “setor” dos manifestantes que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A mudança gerou bate-boca entre lideranças dos movimentos.
Segundo o coordenador nacional do MBL, Alexandre Santos, a ação do MTST é uma tentativa de desmantelar o acampamento do movimento anti-Dilma. Com cerca de 30 barracas e 50 manifestantes, o grupo foi autorizado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a fixar estruturas no local – embora um ato conjunto da Câmara e do Senado proíbam atividades do tipo na área, tombada como patrimônio histórico da Humanidade. Com faixas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff, eles dizem que ficarão no gramado até o peemedebista decidir pelo acolhimento do pedido de afastamento.
“Ontem , o líder do governo ameaçou a gente em plenário. Aí hoje chega esse movimento, que é aparelhado pelo governo. Eles [os manifestantes do MTST] estão querendo desestabilizar o nosso movimento, estão querendo impedir o nosso movimento”, disse Alexandre Santos. Nesta quarta-feira (27), o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), chamou, na tribuna, os manifestantes do MBL de “vagabundos”.
Ao chegar por volta das 15h30, os sem-teto começaram a montar suas barracas do lado esquerdo do gramado, voltados ao Senado. Pouco tempo depois, mobilizaram-se em direção às barracas do MBL. A alteração causou furor entre os integrantes dos movimentos, que, em roda, discutiam sobre as fronteiras de cada ocupação. Apesar da resistência de Alexandre, o MTST acabou se instalando atrás das barracas do MBL. “Não pode misturar, se não vai dar confusão”, disse a liderança do MBL.
Contrariando as ressalvas de Alexandre, a coordenadora do MTST, Ulianne Costa, disse que a presença dos manifestantes no gramado não está relacionada a apoio à presidente Dilma. Segundo ela, eles estão ali para pressionar os senadores durante votação do Projeto de Lei da Câmara 101/2015, que tipifica o crime de terrorismo. Previsto para entrar em votação nesta quarta-feira (28), o texto afeta diretamente as causas populares, pois, segundo ela, poderá enquadrar como criminosas as ações dos movimentos sociais. Ler + na fonte
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